Espinhoso

Por falta de suporte documental, são escassas as referências históricas à aldeia de Espinhoso. A memória oral conserva, todavia, a informação de que foi, outrora, cabeça de freguesia, tendo deixado de o ser durante a ocupação filipina como castigo à irreverência do seu povo, inconformado com as injustiças e prepotências do clero espanhol.
 
No período filipino muitas paróquias das zonas raianas foram ocupadas por sacerdotes espanhóis, alguns dos quais sujeitavam os paroquianos ao pagamento, incomportável, de impostos e tributos às suas abadias. Espinhoso era uma dessas paróquias. E, perante a rejeição intransigente do aumento dos encargos paroquiais, o padre de então decidiu, por volta do ano de 1590, transferir a abadia para a vizinha aldeia de Candedo. Essa medida conduziu à diminuição da influência política de Espinhoso, que assim viria a perder o estatuto de sede de freguesia.
 
A história da aldeia, perante a escassez de documentação formal, não se tem furtado a uma certa envolvência mítica. Persiste assim na memória oral a referência ao lugar do Castelo, onde em tempos existiu um castro de que hoje não se acha vestígio algum. O povo afiança que as “pedras do castelo” foram sendo usadas ao longo dos tempos para a construção da igreja e de outros edifícios na aldeia.
 
Esta referência na toponímica local, reforçada pela capacidade que os habitantes mais idosos ainda hoje têm em reconhecer, com exatidão, o sítio onde existiu o velho castelo, mesmo que nele não sejam visíveis quaisquer ruínas ou vestígios, vem confirmar o quanto o património oral de um povo continua a ser valioso e imprescindível como suporte para a História. Consegue, por vezes, resistir mais do que os próprios documentos físicos e do que os suportes materiais de outros patrimónios.